domingo, 16 de maio de 2010

Mais uma Reflexão Swing - o que pensam as pessoas? (Ou sobre a coleguinha de trabalho da Lia)

Mais um tema do swing que fica sempre "no ar": o julgamento alheio.

Eu gosto de swing, meu marido gosta de swing, nós fazemos swing e gostamos de fazer juntos. Se não há problema para nós, não deveria haver para mais ninguém.

As pessoas comentam o que fazem com seus parceiros, os lugares aos quais gostam de ir, os programas preferidos... até sobre preferências sexuais, práticas e brinquedinhos - sempre rolam conversas.

Então, por qual razão o fato de pertencer ao "meio liberal" ainda é um tabu?

Vou falar do meu motivo (que não é obrigatoriamente o mesmo de mais ninguém): o que me leva a evitar falar sobre swing com quem não frequenta o circuito é só o preconceito. E não estou falando do medo de ser apontada na rua, de ficar "mal falada", ou coisa parecida.

O que preocupa é a transformação do comportamento das pessoas, que acontece no instante em que você menciona uma das palavras mágicas - swing, ménage, bissexualidade...

É impressionante, talvez seja até sem pensar, mas pessoas que eram íntimas e estavam sempre por perto somem na poeira! Eu perdi uma amiga, depois da confidência do meu segredinho.

Nós trabalhávamos juntas e sempre conversávamos sobre coisas ousadas que aconteciam em nossos casamentos. Trocávamos ideias, experiências, dicas... coisas de meninas.

Aí, um dia, resolvi contar para ela o que eu e meu marido fazíamos na nossa "vida secreta". Primeiro, ela ficou quase uma semana sem conseguir nem me olhar direito. Pensei: "básico, né?" A história de assumir que se tem relações "bi" afasta amigas que passam a sentir medo de serem agarradas! Risos.
Só que, logo depois dessa semaninha de afastamento abrupto, houve algo um tanto espantoso: ela grudou no meu pé!

Passava todos os segundos em que ficávamos sozinhas falando sobre a sua curiosidade em ter uma experiência com outra mulher, em como eu tinha sorte e no que nós duas poderíamos fazer juntas. Só nós duas.

Eu e o André temos uma postura de manter a brincadeira entre nós, sem o outro não tem graça. É uma opção nossa, um acordo que faz parte da base da nossa relação. Eu não sinto nem vontade de brincar, se não for com ele por perto. Particularidade do casal, que ela não respeitou nem por um instante!

Claro que eu relatava os detalhes do assédio dela para o marido em casa, isso até apimentava a nossa relação (risos). Foi em acordo com ele que, após dois meses de insistência diária, acabei topando dar uma saidinha com ela para tomar um drink depois do trabalho e conversar melhor sobre aquilo tudo.

Fomos ao tal barzinho para o nosso happy hour básico e o papo fluiu num clima legal, normal, até o assunto vir à tona. Como foi difícil convencer a minha amiguinha de que não é só porque fiquei com uma mulher que tenho vontade de sair com todas as que aparecem pela frente, de como é a minha relação de swinger com o meu marido e de como a minha sexualidade passa necessariamente pela dele.

Não que ela não fosse atraente... muito pelo contrário: era deliciosa!!! Só que nem a química, nem o contexto, nem a proposta eram adequadas para mim e para as "regras do nosso jogo".

Sabe quando a coisa não entra na cabeça da pessoa? Não consigo entender... se alguém é hétero, significa que agarra indiscriminadamente todas as pessoas do sexo oposto?
Pois bem, na hora de ir embora fomos juntas ao banheiro e ela me deu um bote! Uma delícia de beijo que eu não esperava e que me deixou muito excitada.

A coisa toda da proibição de estar no banheiro feminino, com gente esperando a vez, a possibilidade de ser flagrada, foi gostoso... mas só. Tem gente com quem não dá sintonia, ponto final. Já se ela quisesse brincar com o casal, hummm...

Não vou dizer que esse beijo não foi assunto, nem que não deu mais uma temperadinha nas nossas memórias conjugais, entretanto o preço foi alto demais. Ela morreu de arrependimento e nunca mais falou comigo. Até hoje eu não sei se foi porque tenha recuado em sua ousadia, ou se foi por não ter conseguido tudo aquilo que desejava.

Gostaria que as pessoas pudessem "ser quem são" sem nenhum tipo de máscara. Esses escudos só fazem sentido por causa do preconceito que ataca cruelmente quem decide ser diferente, contudo o que dizer se, mesmo no mundo liberal, o tal preconceito ainda impera? Basta ver como se comportam alguns dos "casais liberais", que ainda são incapazes de fazer novas amizades com pessoas que circulam no mundo do swing e tem tantas coisas em comum para conversar. Só querem conhecer pessoas com quem acham que vai acabar acontecendo o "algo mais"! Bem como se, só por ser um casal swinger, as pessoas desejem brincar com todos os casais que conhecem...

Lia

Ah! Para não perder o costume: mais uma imagem, mesmo sem muito contexto, só para temperar o post!